Muito se tem falado sobre o etarismo, um tipo de discriminação contra pessoas ou grupos baseado na idade. Trata-se da categorização de que um indivíduo é melhor ou pior do que outro, e que pode ou não desempenhar certa atividade exclusivamente com base em sua idade cronológica, provocando potenciais injustiças.
Embora seja normal falarmos de etarismo como a limitação de ação e julgamento sobre indivíduos mais maduros, esse fenômeno também acontece com os mais jovens, por exemplo, quando são considerados impulsivos ou incapazes de analisar a complexidade das relações do mundo, dada sua imaturidade.
Isto significa que devemos deixar de lado o fator da idade? Talvez não seja plausível.
A idade é uma das primeiras análises que formamos sobre os indivíduos. Mesmo querendo eliminar o etarismo, é essencial escapar da superficialidade de não considerar a idade das pessoas, pois isso significaria também não proporcionar suporte e cuidados específicos para aqueles indivíduos de maior idade, como assentos especiais em transportes coletivos, vagas de estacionamento ou filas preferenciais.
Entretanto, é preciso tomar consciência e agir para reduzir atitudes inconscientes e julgamentos feitos sobre os indivíduos a partir das referências que aprendemos sobre o comportamento e a capacidade esperados de cada faixa etária, pois isso retira dos indivíduos a sua singularidade, colocando-os como objeto, e não como pessoas no mundo social. Desde crianças, somos apresentados a mensagens sociais carregadas de estereótipos e preconceitos, começando em nosso círculo familiar próximo e se expandindo pela comunidade.
Segundo o Relatório Global de Etarismo da ONU, os estereótipos estão ligados à forma como pensamos, os preconceitos se alicerçam no modo como nos sentimos e a discriminação é resultado de como agimos em relação aos indivíduos com base na idade. Às vezes, a idade é empregada até como ofensa direta. É comum um jovem se referir à outra pessoa como “esse senhor” ou “essa senhora”, considerando que a idade pode se tornar uma ofensa.
O relatório da ONU aborda, inclusive, outro ponto essencial, que é reconhecer que o etarismo pode ter diferentes vínculos. O primeiro é o institucional, e está relacionado às leis, regras, normas sociais, políticas e práticas institucionais que limitam injustamente as oportunidades e prejudicam os indivíduos em função de sua idade. Também pode ser do tipo interpessoal, que ocorre nas relações entre dois ou mais indivíduos, ou ainda individual, contra si próprio, quando o etarismo é internalizado e praticado pelo próprio indivíduo.
A existência de formas diversas das práticas de preconceito relacionado à idade nos leva a concluir que o combate ao etarismo deve ser um dos compromissos da sociedade como um todo — e das organizações em particular. E é fundamental que essas reflexão e transformação comecem em cada um de nós.
Pense nisso!
Autor convidado:
Adriano Baltazar Lay – Head de Operações da Leiloei